Antes de eu falar do Matuê e do disco novo dele, eu preciso esclarecer e enfatizar mais uma vez: eu detesto Trap. Para mim, é um dos mais recentes epitáfios da música moderna, uma exaltação ao vazio e uma superficialidade gritante que permeia todo esse mundo do Trap. É uma verdadeira afronta à riqueza musical brasileira do rap, que é, sim, uma marca da nossa cultura musical. O rap, sim; o Trap, não.
Você pode perguntar para qualquer artista de rap e até mesmo para qualquer fã de rap, e ele vai dizer a mesma coisa que eu penso: chega a ser revoltante colocar as palavras rap e Trap na mesma frase. E ainda pior quando fazem comparações esdrúxulas entre um e outro. Para alguém como eu, que adora rap de verdade – Public Enemy, Racionais, Cypress Hill, Naughty by Nature, Ice Cube, Eazy-E, e tantos outros grandes nomes brasileiros e internacionais como o Thaíde e o Djonga – o verdadeiro rap, o verdadeiro hip hop, ver esse monte de manés metidos a gangsta que estão hoje nas paradas americanas, e principalmente esses moleques desafinados do Trap brasileiro, é uma vergonha. Eles fazem nossos ouvidos sangrarem com músicas com as mesmas batidas genéricas e tentativas frustradas de criar alguma conexão entre harmonia e melodia.
E tudo isso é produzido em série de uma maneira insípida e completamente repetitiva. Isso sem contar as letras a respeito de ostentação.
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