A imensa contribuição de Chico Science e, evidentemente, do grupo Nação Zumbi vai muito além daquelas batidas absolutamente contagiantes do manguebeat. Só quem ouviu os dois primeiros álbuns deles — Da Lama ao Caos (1994) e Afrociberdelia (1996) — e, principalmente, quem presenciou algum show ao vivo, como eu presenciei, consegue realmente entender e dimensionar a importância dele.
Na verdade, Chico Science foi o catalisador de uma cena que misturava rock, hip-hop e ritmos regionais, tudo ao mesmo tempo. Ele trouxe essa fusão à tona com a essência da cultura nordestina, mais especificamente de sua cidade natal, Recife. Um dos fatores mais marcantes na trajetória dele foi justamente a capacidade de dialogar tanto com a cultura popular quanto com a erudita, quebrando barreiras que, até então, pareciam intransponíveis e desafiando uma série de estereótipos.
Chico não apenas incorporou elementos tradicionais, mas também os reinterpretou a ponto de criar uma sonoridade única, que conversava tanto com a juventude da época quanto com um público mais amplo. Suas letras eram — e ainda são — recheadas de críticas sociais e múltiplas referências à realidade brasileira, uma realidade que persiste desde que ele apareceu no cenário musical na primeira metade da década de 90.
Até hoje, é impossível ouvir esses dois álbuns e não refletir ou questionar o que estamos vivendo. Esse tipo de reflexão deveria ser a base da música para qualquer artista que se preze, mas, lamentavelmente, essa preocupação artística foi jogada na lata do lixo nos últimos anos.
Não há dúvidas de que Chico Science tinha uma presença absurdamente carismática e uma visão inovadora dentro do cenário musical brasileiro da época. Ele não só marcou uma era, mas deixou um legado que ressoa até hoje.
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Uma resposta
Faz um vídeo sobre o mundo livre s/a. A banda completou 40 anos, ganhou um livro e continua na ativa.