Quase todos os guitarristas famosos e veteranos que você conhece – de Jimmy Page e Eric Clapton a Keith Richards e Carlos Santana – foram tremendamente influenciados por ele. Mesmo assim, seu falecimento no sábado passado, aos 84 anos, por conta das consequências de um ataque cardíaco que teve em 2003 e do qual jamais se recuperou totalmente, foi noticiado por pouquíssima gente aqui no Brasil e com textos que não ultrapassaram cinco linhas.
Muitas equipes de jornalismo dos grandes portais de internet nos dias de hoje não fazem a menor ideia de quem foi Otis Rush e o que representou para a história do blues de todos os tempos. Nada pior para a credibilidade de quem escreve a respeito de música que ignorar uma história desse porte. É um total desserviço a quem conhecia o trabalho e a importância do bluesman, e também a quem não fazia a menor ideia da existência.
A solução que encontrei foi escrever este humilde e pequeno texto em uma tentativa de diminuir a indiferença das pessoas em relação ao que Rush fez no universo do blues. Nunca é tarde para tomar contato com a obra maravilhosa de alguém, né?
A paixão pelo gênero que Rush demonstrou durante toda a sua trajetória era inquestionável. Ele foi um dos mentores do som de Chicago que, a partir da década de 50, injetou elementos de outros gêneros no blues e o eletrificou ao mesmo tempo. Ao longo de sua discografia e, principalmente, em suas apresentações era possível distinguir influências de soul, rock e até mesmo traços de jazz em sua maneira de tocar, sempre com um volume mais amplificado do que o normal. Não foi à toa que Jimmy Pager botou o Led Zeppelin para gravar a espetacular “I Can’t Quit You Baby,” um dos maiores sucessos de Rush, logo de cara no primeiro álbum da banda, que Stevie Ray Vaughan batizou seu grupo com o título de outro hit de Rush, “Double Trouble” e que Clapton só faltou ajoelhar quando subiu ao palco ao lado dele em 1986 no Festival de Montreux:
Usando sempre o seu indefectível chapéu de cowboy, Rush era um showman nato, daqueles que era capaz de tocar sua guitarra faiscante e canhota – sem inverter as cordas! – até de cabeça para baixo. Para ele, estar em um palco era tudo o que ele pedia em termos de consagração, sem se importar com marketing pessoal e sem se envolver profundamente na divulgação de seus ótimos álbuns, como o espetacular Right Place, Wrong Time, gravado em 1971 e só lançado cinco anos depois por conta de tretas contratuais com a gravadora Capitol. Isso o fez se tornar menos conhecido que figuras do mesmo porte dele, como B.B. King, Buddy Guy e Muddy Waters, entre outras lendas.
https://www.youtube.com/watch?v=RgT0oW31u4c
Escrever dá trabalho, pois é preciso tempo, determinação e conhecimento. Como sou um velho que ainda não foi contagiado com a preguiça, as linhas de texto que você acabou de ler são apenas uma pequena homenagem a um figura importantíssima na história do blues. Tenho a esperança que você vá atrás de todos os discos dele a partir de agora…




Respostas de 8
Confesso que Buddy Guy é meu favorito dentre eles….mas o solo de ” Lonely Man”, as pausas bem colocadas em “Tore Up” e a voz do Otis são demais !!!!!
Assisti um show de Otis Rush no The Fillmore Theatre em 1994, em São Francisco – U.S.A., que foi aberto por Keb’ Mo’ e John Mayall & The Bluesbreakers. Foi um dos melhores shows de Blues que assisti na vida, e já vi muitos. Salve Otis Ruhs, a canhota demolidora do Blues!!! I Can’t Forget You Baby!
SENSACIONAL LEMBRANÇA!! GRATO POR ISTO!! UM DOS MEUS MAIORES ÍDOLOS!! E REALMENTE UM DOS MESTRES INESQUECÍVEIS E INFLUENCIADORES!!
Michael, por favor escreva em letras normais, sem colocar tudo em “caixa alta”. Obrigado.
Tão esquecido como outros tantos gênios do blues como Sonny Boy Willianson II (Rice Miller). Num show na Casa Branca para Barak Obama e convidados, Mick Jagger falou de Sonny Boy e de sua importância. Ninguém do público sabia de quem ele falava.
Vc tem razão. A contribuição que este bluesmem deu a música universal foi e será muito bem vinda.Um dia a história, ainda a de reparar e coloca- lo em um seu devido lugar.O podium.
Pôxa vida, só hoje vi esse texto!, mas vale falar um pouco sobre esse monstro sagrado do Mississippi. Otis Rush foi e sempre será um dos melhores bluseiros preferidos. Sua voz barítona, a guitarra faiscantemente melódica e o visual são suas marcas indiscutíveis. Aprendo muito toda vez que ouço ou vejo Otis Rush tocar. Ele foi, é e sempre será tão grande quanto Albert King, BB King, Muddy Waters, Howlin’ Wolf e sua guitarra é uma das mais completas do blues.
Um dos meus discos favoritos entre todos é um dos Otis Rush, Screamin and cryin. Nesse disco está a mais fantástica versão de Every day I have the blues que já ouvi. É o meu bluesman favorito.