Atenção, meu amigo e minha amiga: Cid Moreira morreu, aos 97 anos, e ele ficará para sempre marcado na memória de quem viveu as décadas de 1970 e 1980 com a intensidade que mereciam. Não há uma pessoa adulta hoje, especialmente quem tenha mais de 40 anos, que não tenha sido impactada pelas notícias que ele lia com aquela voz grave e penetrante. Desde 1969, quando foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional, Cid Moreira tornou-se uma figura icônica no jornalismo brasileiro.
Ele passou seus últimos anos afastado da televisão, mesmo sendo um dos raríssimos profissionais com contrato vitalício com a Globo. Com uma carreira extensa como locutor, iniciada aos 15 anos, Moreira começou a se destacar ao ser contratado pela TV Excelsior, na década de 1950, e, em seguida, pela TV Rio, em 1963. Mas foi em 1969, quando estreou à frente do Jornal Nacional, que ele realmente se consolidou como uma lenda do jornalismo. O Jornal Nacional, aliás, foi o primeiro telejornal transmitido em rede nacional, e Cid dividia a apresentação com outro locutor lendário, Hilton Gomes. Posteriormente, formou uma dupla de imenso sucesso com Sérgio Chapelin.
Ao longo dos anos, Cid Moreira criou um estilo de apresentação que se tornou sua marca registrada, com seu famoso “Boa noite” no final do Jornal Nacional sendo um dos momentos mais marcantes. Sua voz grave e imponente narrou as notícias do cotidiano com uma altivez inabalável, mesmo em tempos de censura, como durante o regime militar nos anos 70, quando ele, assim como todos os jornalistas da época, era obrigado a relatar os acontecimentos de forma alinhada ao nacionalismo imposto pela ditadura.
Mesmo sob as restrições da época, Moreira conseguiu estabelecer um padrão de excelência no jornalismo. Embora esse padrão de qualidade devesse ter continuado a ser uma referência, com o passar dos anos, ele acabou se desvirtuando.
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